sexta-feira, 27 de agosto de 2010

1ª ENTREVISTA CONCEDIDA AO PASTOR-REPÓRTER ALEX DURAN

ENTREVISTA A ALEX DURAN
Iremar Bronzeado

Professor Iremar, para iniciar nossa entrevista, eu pergunto: Deus é o que?
R - Deus é o Ser incriado e sempiternamente existente, o princípio e o fim de todas as coisas. É o Espírito Cósmico, pneumático, infinito e eterno, e portanto por nós inalcançável, inefável, inominável, criador de tudo quanto existe no céu e na terra. Ele está em todas as coisas e todas as coisas estão n'Ele. Ele é Jesus, o Cristo, o Messias, o Verbo Encarnado, o Emanuel, que rasgou o véu para se mostrar por inteiro em sua verdadeira face de amor incondicional e absoluto, de perdão, misericórdia e salvação.

Professor, em um de seus artigos, o irmão, em resposta a um amigo, fala da impossibilidade de uma definição de Deus. Como se poderia entender essa colocação?
R - Em sua essência infinita e eterna, Deus é inefável, indefinível, inalcançável. Ele, no entanto, nos deu a capacidade intelectual de intuí-Lo, de imaginá-Lo, de senti-Lo em nosso coração, de antropomorfizá-Lo numa imagem conceitual, a única capaz de ser por nós compreendida. De uma certa forma, somos responsáveis por Sua existência no mundo da finitude. Talvez por isso Jesus seja chamado no Evangelho, ora de Filho de Deus, ora de Filho do Homem, ou seja um Ser Divino, gerado ao mesmo tempo pelo Espírito Infinito e pela engenhosidade da mente humana dada por Ele. Aliás, Sua encarnação na pessoa de Jesus facilitou enormemente essa nossa tarefa, uma vez que Jesus é a imagem perfeita do Pai (2 Co.4:4).

Ainda nesse artigo, o irmão fala de guerras, saques, assassinatos, genocídios, infanticídios etc, praticados em nome da Divindade abraâmica, como é isso?
R - Ora, exatamente como estão, todos esses crimes, descritos na bíblia dos judeus, sempre atribuindo-os à vontade de Deus, em suposta defesa de Israel. O genocídio cometido por Josué quando da conquista da "terra prometida", onde foi passado à espada tudo que respirasse, pode ser considerado o maior crime jamais cometido contra a humanidade. Tudo em nome da leitura abraâmica de Deus.   

O irmão cita o vocábulo "teofania", que é uma manifestação divina, ao se referir à pergunta desse amigo. Que outras maneiras poderíamos ter para definir Deus?
R - Quanto à definição de Deus, já falamos de sua impossibilidade em perguntas anteriores. As teofanias são inumeráveis, quase infinitas. Podemos dizer que cada ser humano tem sua teofania, ou seja, a maneira através da qual Deus se revela ao seu coração e à sua mente, de uma forma toda pessoal e particular. Há as teofanias coletivas das comunidades cristãs, que formam a Igreja de Cristo. Há também uma teofania na incomparável beleza das inumeráveis maravilhas da criação. Mas a maior de todas as teofanias foi a vinda do Messias Prometido, a pregação do Evangelho da salvação pelos próprio Deus Encarnado, proporcionando-nos a graça de conhecer pessoalmente a mais perfeita de todas a leituras finitas do Espírito Cósmico Infinito e Eterno. Esta representa e supera todas as outras teofanias, e, na medida em que buscamos a exclusiva conversão a ela, como nos indica o Evangelho, vamos caminhando, num movimento de convergência, da pluralidade à necessária unidade da Igreja de Cristo.

O irmão afirma que os judeus, a despeito de seus avanços no pensamento abstrato, idealizaram um Deus demasiadamente humano. Isso significa que o irmão não acredita nesse Deus (o idealizado por eles)?
R - O Deus em que acredito é aquele nascido na Galiléia e morto na cruz pela remisão de nossos pecados. Todas as outras leituras da Divindade se anulam diante desta suprema e vivificadora teofania. Sobretudo a judaica, que atribuiu ao Pai todos os crimes que eles foram capazes de cometer, formando o conceito de um Espírito de ira, vingativo, legalista, justiceiro, tirânico, guerreiro e terrorista, antítese do Deus da paz, do amor, do perdão e da misericórdia encarnado em Jesus de Nazaré.

A morte e ressurreição de Cristo, segundo o irmão, determina o fim dessas aparições e manifestações divinas, e o começo de nova epifania, ou seja uma nova manifestação de Deus. Então o irmão dá crédito ao Deus abraâmico?
R - O único Deus revelado a quem dou todo o meu credito, meu coração, minha alma, meu entendimento e todas as minhas forças é Jesus, o Carpinteiro de Nazaré.

No artigo em que o irmão cita o evolucionista Richard Dawkins respondendo à pergunta do jornalista Sílio Bocanera, em resposta ele diz que perguntaria a Deus "Que deus é  você...".Tratando-se como se trata de um ateu confesso, sua resposta ao jornalista não configura uma contradição, já que neste caso ele admite em colóquio com Deus?
R - Todo ateu continua, no fundo, um cara religioso. Só que, no lugar do nosso Deus, transcendente, infinito, libertador, vivo e vivificador, revelado na pessoa do seu filho Jesus, ele põe como sua divindade absoluta a matéria, finita, pobre, opaca, enganosa, aleatória e morta. Neste caso, como o verbo, em sua resposta, está no condicional, é de se supor que ele fala de Deus apenas como uma hipótese que ele considera inverificável e, portanto, inexistente. 

Em conversa que tivemos, o irmão afirmou que a obra redentora de Cristo e toda sua falação de 3 anos na Judéia, é apenas, digamos, um dos atributos de Deus. Então há outros que não nos foram revelados?
R - Nossa leitura, humana e finita, de Deus-em-Si, infinito, inalcançável, incognoscível, está na figura perfeita de Cristo Jesus e no seu Evangelho. É aí que nos são revelados todos os maravilhosos atributos de Deus. Não necessitamos mais de outras revelações. Esta nos basta. Os escritos dos evangelistas e as cartas dos apóstolos nos dizem que nada devemos acrescentar ao Evangelho de Cristo. Ele é bastante e suficiente para nossa salvação. Debatermo-nos nas tempestades da Velha Aliança é negar a bonança trazida pela obra redentora de Cristo, é rejeitar as bem-aventuranças da Nova Aliança por Ele estabelecida.

Para encerrarmos, o irmão acredita que a Bíblia seja a Palavra de Deus, ou apenas homens santos inspirados a escreveram? O que é diferente do que apregoam os pastores em todo o mundo.
R - É preciso ter humildade e modéstia diante da infinitude de Deus, para não cairmos na soberba de nos acharmos na posse absoluta de Sua Palavra, que mora, como Ele, no infinito, para além da morada das estrelas. É preciso não cairmos na idolatria do simbolismo da letra, que mata, e buscar o espírito da palavra, que por trás e por cima da letra, vivifica. Os profetas e os evangelistas traduziram para nós, em palavras escritas, o que eles entreouviram, de memória ou por inspiração divina. A Palavra de Deus, em si, está além, muito além da pobre linguagem humana. O que mais nos aproxima da Palavra não é simplesmente a leitura e a hermenêutica dos escritos humanos, senão a oração, a meditação e a prática do Evangelho de Jesus. A única e fidedigna Palavra de Deus que conhecemos é a expressa pelo próprio Deus no Evangelho de Cristo. Nesta e somente nesta eu creio e procuro praticá-la dentro das melhores das minhas possibilidades.
Antes da Revolução Copernicana, todos os filósofos, cientistas, pensadores, padres e doutores da Igreja afirmavam, com certeza absoluta e convicção dogmática, que a terra era imóvel e que todos os astros, inclusive o sol, giravam em torno dela. Estavam todos equivocados e tiveram que, mesmo contra a vontade, admitir a verdade verdadeira que estava por trás dos fatos observados pela enganosa experiência sensível. Nada impede que o fenômeno se repita. Os sacerdotes e doutores da lei de hoje continuam tão literalistas e dogmáticos quanto os daquele tempo. É possível que todos os pastores, teólogos e doutrineiros de todo o mundo estejam equivocados quando servem a dois senhores: a Bíblia dos judeus e o Evangelho de Cristo Jesus. Talvez, um dia, tenham que reconhecer que a Igreja de Cristo só retomará sua marcha gloriosa dos primeiros tempos, quando se desvencilhar da pesada carga judaica que lhe amarraram às costas os sacerdotes e doutores da lei, praticantes do mais opaco e obtuso dogmatismo fundamentalista dito cristão.

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