PROFESSOR REABRE TEMA E AFIRMA QUE OS JUDEUS FIZERAM A LEITURA ERRADA DE DEUS NO VELHO TESTAMENTO
Nesta entrevista ao repórter Alex Duran, o professor Iremar Bronzeado fala ousadamente de suas convicções acerca do Novo e Velho Testamentos da Bíblia. Ele afirma que "na realidade a oposição não é entre dois deuses, mas entre duas concepções, duas leituras, do mesmo Espírito", onde a correta está no NT. Iremar Bronzeado não concebe um Deus genocida e infanticida descrito pelos judeus no Antigo Testamento.
Convertido ao evangelismo há cerca de 20 anos, Iremar Bronzeado, nosso entrevistado, é professor aposentado da UFPB, onde lecionou Ética e Filosofia Política. Há cerca de dez anos vem desenvolvendo o que ele chama de Ministério Só Jesus, ou seja, a conversão exclusiva ao Evangelho, o que implica em livrar a Igreja de Cristo de toda herança e influência judaica, como queria o bispo Marcião de Sinope já no segundo século.
1- Professor, em uma entrevista, o senhor afirmou que o Deus do Antigo Testamento (AT) é o oposto do Deus de Cristo, como é isto?
Os termos de sua pergunta insinuam um certo politeísmo de minha parte. Na realidade a oposição não é entre dois deuses, mas entre duas concepções, duas leituras, do mesmo Espírito, o Pai Criador Infinito e Eterno, que só pode ser alcançado por nós, criaturas finitas e temporais, através das imagens mentais e conceituais que d'Ele fazemos a partir das teofanias e revelações a nós concedidas. Neste sentido, há um abismo intransponível entre a concepção do Pai Celestial desenvolvida pelos judeus no AT, um pai justiceiro, irado, legalista, condenador, vingativo, guerreiro, matador, saqueador, que provoca temor e tremor, e a concepção cristã de um Pai, que, por nos amar de modo incondicional e absoluto, nos lava de todo pecado com o sangue do seu sacrifício na cruz. Aqui, o Espírito Encarnado em Jesus é só amor, perdão e misericórdia; e o comportamento de quem O ama é ditado pela Lei escrita pela graça em seu coração, que completa e supera inteiramente qualquer outra lei escrita em pedra, pergaminho ou papel. Em vez de temor e tremor, Jesus, o Bom Pastor, manso e humilde de coração, nosso Pai Criador, só nos dá alegria, regozijo e paz, por termos sido libertados da escuridão da lei e do pecado. Ele nos deu vida e vida em abundância: a vida eterna.
2- O senhor insinuou que os judeus se achavam exclusivos, digamos na apresentação de Deus ao mundo, explica como é.
A Antiga Aliança abrangia não só os judeus, mas todas as religiões pagãs, que, a partir de variadas revelações divinas, floresceram antes da chegada do Messias, aí incluídos, por motivos doutrinários, os muçulmanos, que, mesmo sendo posteriores a vinda do Messias, vivem ainda nas trevas da lei. Com certeza, todas elas também se achavam ou se acham exclusivas na representação do Espírito Divino sobre a terra. Aliás, as escrituras de algumas delas, como é o caso do Tao Te King, apresentam muito mais consonância e identidade com o cristianismo, e nos aproximam muito mais da essência infinita e eterna do Espírito do que todas as escrituras judaicas. O objetivo da Nova Aliança é colocar todas essas religiões, ou melhor, todas as criaturas do mundo, sob a égide do Evangelho do Senhor Jesus, realizando a sua promessa de um só rebanho e um só pastor, onde não haverá acepção de pessoas, onde todos, judeus, gregos e gentios se tornarão iguais, como irmãos filhos do mesmo Pai.
3- Dar-se-ia o caso de que Deus inconformado com esta leitura, digamos errônea de si mesmo, que o judeu fez, decidiu então enviar o Seu Cristo para apresentar a correta?
Exatamente. Apesar de inalcançável em sua morada infinita e eterna, o Pai Celestial deu aos homens, todas as ferramentas para que eles, ao seu livre arbítrio, e a partir das inumeráveis revelações que lhes foram e são oferecidas, construíssem uma imagem, uma concepção, uma leitura, cada vez mais aperfeiçoada e próxima de sua essência Divina, para poderem, assim, com Ele se comunicar, reverenciá-Lo, adorá-Lo e buscar o seu reino. Apesar de ter sido escolhido para anunciar e preparar a vinda do Messias, o povo israelita foi o que mais errou no cumprimento dessa tarefa, atribuindo ao Pai Celestial características demasiadamente humanas como a ira, o legalismo justiceiro, o ódio aos inimigos, o egoísmo, o poder dominador, o militarismo (chamavam-no de rei dos exércitos, leão de Judá e outros epítetos nada pacíficos). Então veio Jesus, o Cordeiro dos Céus, o Príncipe da Paz. É como se Ele dissesse: "Basta! Esqueçam todos os nomes que me deram e o retrato falso e escabroso que fizeram de mim. Daqui por diante chamem-me apenas de Jesus. Este é meu filho amado em quem me comprazo. Ele e eu somos um: a mesma pessoa. Se querem se salvação, ouçam e pratiquem o que Ele diz."
4- A reação de ódio que os judeus tinham diante de Jesus, corrobora a tese que o senhor vem defendendo, ou seja: o conceito de Deus do AT é oposto ao conceito do mesmo Deus proclamado por Jesus?
Com certeza. A perseguição implacável, odienta, mortífera, pérfida, traiçoeira, caluniosa, terrorista e sanguinária com que os judeus tentaram eliminar Jesus e os seus discípulos é a prova, a constatação mais clara que a luz do sol, de que os modos como judeus e cristãos tentam conhecer, adorar e reverenciar o Espírito são inteiramente contrárias, opostas, inconciliáveis. Difícil é compreender como a Igreja Romana, desprezando as advertências do Bispo Marcião de Sinope, excomungado como herege em 144, por ter denunciado o perigo mortífero da então nascente promiscuidade entre judeus e cristãos, empederniu-se no erro durante tantos séculos, terminando por transmitir como herança à Igreja Reformada esse pesado fardo, que até hoje a faz gemer, claudicar e se pulverizar na indeterminação de miríades de seitas e denominações, cada uma delas se achando a verdadeira e combatendo as outras como errôneas, falsas e até demoníacas, na mesma linha do exclusivismo xenófobo e etnocêntrico dos judeus.
5- Em relação às Escrituras o senhor disse que a verdadeira Palavra de Deus vem da boca de Jesus, é isso mesmo?
Isto é claro, lógico, e de uma evidência ululante; uma vez que Jesus é a Palavra, o Logos, o Verbo Divino encarnado. Ele é o próprio Espírito, o próprio Pai Celestial, em pessoa, o Emânuel, que fez do nosso coração o seu templo não feito por mãos humanas. As palavras saídas da boca de Jesus devem calar todas as outras pronunciadas pelos profetas, sacerdotes, doutores, filósofos, oráculos e áugures da Antiga Aliança. Nos Atos e Cartas podemos perceber claramente como os apóstolos estabelecem uma perfeita sinonímia entre o Evangelho e a Palavra do Pai. As escrituras judaicas são citadas apenas como mero testemunho profético da vinda do Messias e não como a Palavra do Pai, ou como nossa regra de vida e salvação. Além disso, Jesus não ordenou aos seus discípulos a pregação da bíblia judaica e sim, literalmente: "Ide e pregai O EVANGELHO a toda criatura até os confins da terra".
Nenhum comentário:
Postar um comentário